segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Quando o parto não corre como idealizámos...

A sabedoria maternal pode chegar por via inesperada

Nem sempre o nosso parto corre como planeámos e idealizámos.
No entanto, após aceitarmos o que aconteceu, podemos deixar que os acontecimentos nos façam crescer.
O parto é sempre um marco na nossa vida, uma etapa de crescimento. Uma transformação de mulher para mãe, de filha para mãe.

Tenho a certeza de que se o meu parto tivesse sido como idealizei e se a amamentação tivesse decorrido sem problemas, não faria o mesmo percurso e não seria quem sou hoje. Talvez nunca me tivesse dedicado a ajudar outras mulheres e este blog não existiria.

Com isto, deixo-vos um excerto traduzido de um livro que vale a pena ler:

Whitney, uma futura-mãe de primeira viagem, com 36 anos e uma carreira de sucesso na área da informática, foi um modelo de determinação e confiança durante a sua gravidez saudável. A sua intenção era ter um parto natural, sem medicação.

Mas no mundo dos nascimentos, os pais são muitas vezes obrigados a encarar o inesperado.

O trabalho de parto de Whitney foi prolongado e extenuante. Após 27 horas de contracções, sentiu-se desencorajada ao saber que tinha apenas 1 cm de dilatação. Tentou fazer progredir o trabalho de parto de todas as formas naturais possíveis, incluíndo ervas, acumpuctura, banhos e massagens, tudo sem resultado.

Exausta e desidratada, Whitney foi encorajada pela equipa que a acompanhava a aceitar uma epidural, na esperança de que o alívio daquela dor, que não estava a ser productiva, lhe permitisse descansar um pouco. Enquanto considerava a "oferta", Whitney chorou e lamentou a perda da sua imagem, idealizada, a dar à luz.

Ela persistiu e continuou por mais 4 horas.
Quando o médico lhe disse que ela tinha apenas 2 cm de dilatação, Whitney percebeu que o seu corpo não ía dar à luz sem uma ajuda adicional. Ela aceitou a epidural e descansou.
Mesmo com epidural e ocitocina sintética o trabalho de parto durou ainda mais 16 horas até que a sua filha nascesse.

Mais tarde, ela partilhou a história com o grupo de pós-parto, analisando interiormente o que acontecera:

Sempre consegui atingir aquilo a que me propus fazer. Tive sucesso no desporto e na minha profissão. Confiei no meu corpo e na minha capacidade de parir naturalmente. Então, quando me disseram que o trabalho de parto não estava a progredir eu não acreditei! Eu estava esgotada, fisica e emocionalmente, e não tinha sobrado nada onde me pudesse agarrar. Encarar a necessidade de levar uma epidural, era, para mim, uma crise.
Eu precisei do apoio e aceitação do meu companheiro e das minhas amigas (que assistiam ao parto) para perceber que estava a fazer aquilo que estava certo e que não estava a ser fraca ou a desistir precocemente. Eles disseram-me que eu estava a ser muito forte e choraram comigo. (Whitney chorou novamente ao partilhar o momento emocionante com o grupo)

Mais tarde percebi que durante toda a minha vida eu tinha estado em controlo. Qualquer coisa que eu pusesse na cabeça que iria fazer, eu fazia acontecer. Pensei que no parto e na maternidade iria acontecer a mesma coisa. Perder o controlo do meu parto e levar uma epidural foi um "presente" que me fez perceber que, como mãe, eu nunca poderia ter o controlo a que estava habituada noutras áreas da minha vida. Eu estou a aprender que embora tenha as minhas ideias acerca do bebé e da maternidade nem sempre consigo controlar aquilo que acontece.
E sou capaz de ser uma boa mãe!

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