Portugal ainda não adoptou as novas curvas de crescimento da OMS, baseadas no crescimento de crianças amamentadas. Segundo estes padrões, existem ainda mais crianças com excesso de peso e obesidade.
Se as novas tabelas de crescimento da Organização Mundial de Saúde (OMS) já tivessem sido adoptadas por Portugal, o número de crianças obesas no nosso país seria ainda superior ao que hoje se considera existir (uma em cada três).
Crianças entre os dois e os cinco anos que têm actualmente o diagnóstico de «excesso de peso» estariam já na categoria de obesidade, assim como crianças consideradas com peso adequado seriam já portadoras de excesso de peso. Os gráficos de percentis incluídos no Boletim Individual de Saúde foram considerados desajustados pela OMS que disponibilizou novas tabelas no primeiro trimestre de 2009.
António Guerra, pediatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, estuda há anos esta matéria e escreveu recentemente um artigo na Acta Pediátrica Portuguesa em que defende a adopção das novas curvas da OMS pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).
Índice de Massa Corporal registado desde o nascimento
O especialista destaca, nas novas curvas, a possibilidade de se monitorizar logo desde o nascimento a evolução do Índice de Massa Corporal (IMC), consensualmente aceite como um excelente índice nutricional para o diagnóstico de excesso de peso e da obesidade.
Em Portugal, esse registo só é possível após os dois anos, embora o período anterior corresponda a uma fase de «grande vulnerabilidade à ocorrência de adiposidade excessiva», disse à Lusa.
O crescimento de crianças amamentadas
«A prevenção da obesidade é monitorizada com mais rigor com as novas curvas da OMS», sublinha o pediatra. Um aspecto determinante prende-se com o facto de «as novas curvas da OMS terem sido construídas com base na avaliação do estado de nutrição de lactentes alimentados exclusivamente com leite materno nos primeiros quatro a seis meses de vida».
Recordando que o leite materno é reconhecido cientificamente como «o melhor alimento», António Guerra afirmou que «as crianças com leite materno crescem de modo diferente das que são alimentadas com leite artificial e têm marcadores metabólicos distintos, sobretudo no primeiro ano de vida». Por esta razão, «o que faz sentido é usar curvas de crianças que foram alimentadas com leite materno», defendeu, tal como é preconizado no novo modelo.
«As crianças que são alimentadas com leite natural aumentam mais de peso nos primeiros três a quatro meses de vida e depois têm, quando comparadas com as curvas actuais, uma falsa desaceleração». Esta desaceleração pode ser interpretada como devida à baixa produção de leite da mãe, «levando a um início precoce da diversificação alimentar ou a uma desnecessária suplementação com leite industrial», explicou. «As duas situações associam-se a um maior risco de obesidade», sublinhou.
«O importante é usar curvas»
No seu artigo na Acta Pediátrica Portuguesa, António Guerra é peremptório: «As novas curvas da OMS são da maior relevância para uma avaliação mais correcta do crescimento e constituem assim um precioso instrumento para a monitorização do estado de saúde e de nutrição do lactente e da criança com implicações a longo prazo no estado de saúde das populações».
Contactada pela agência Lusa, a pediatra Leonor Sassetti, consultora da Direcção-Geral da Saúde, disse que este organismo está atento à questão e a reunir elementos para «tomar uma decisão adequada em relação às novas curvas da OMS».
Escusando-se a revelar se Portugal está inclinado para a adopção do novo modelo, sublinhou que «o importante é usar as curvas de crescimento. É melhor usar curvas não tão boas do que não usar nenhumas», afirmou, reforçando a ideia: «Ter umas curvas adequadas é importante, mas usá-las ainda é melhor».
Pode consultar as novas curvas OMS aqui.
fonte: http://www.mae.iol.pt/artigo.php?id=1130560&div_id=3722
Se as novas tabelas de crescimento da Organização Mundial de Saúde (OMS) já tivessem sido adoptadas por Portugal, o número de crianças obesas no nosso país seria ainda superior ao que hoje se considera existir (uma em cada três).
Crianças entre os dois e os cinco anos que têm actualmente o diagnóstico de «excesso de peso» estariam já na categoria de obesidade, assim como crianças consideradas com peso adequado seriam já portadoras de excesso de peso. Os gráficos de percentis incluídos no Boletim Individual de Saúde foram considerados desajustados pela OMS que disponibilizou novas tabelas no primeiro trimestre de 2009.
António Guerra, pediatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, estuda há anos esta matéria e escreveu recentemente um artigo na Acta Pediátrica Portuguesa em que defende a adopção das novas curvas da OMS pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).
Índice de Massa Corporal registado desde o nascimento
O especialista destaca, nas novas curvas, a possibilidade de se monitorizar logo desde o nascimento a evolução do Índice de Massa Corporal (IMC), consensualmente aceite como um excelente índice nutricional para o diagnóstico de excesso de peso e da obesidade.
Em Portugal, esse registo só é possível após os dois anos, embora o período anterior corresponda a uma fase de «grande vulnerabilidade à ocorrência de adiposidade excessiva», disse à Lusa.
O crescimento de crianças amamentadas
«A prevenção da obesidade é monitorizada com mais rigor com as novas curvas da OMS», sublinha o pediatra. Um aspecto determinante prende-se com o facto de «as novas curvas da OMS terem sido construídas com base na avaliação do estado de nutrição de lactentes alimentados exclusivamente com leite materno nos primeiros quatro a seis meses de vida».
Recordando que o leite materno é reconhecido cientificamente como «o melhor alimento», António Guerra afirmou que «as crianças com leite materno crescem de modo diferente das que são alimentadas com leite artificial e têm marcadores metabólicos distintos, sobretudo no primeiro ano de vida». Por esta razão, «o que faz sentido é usar curvas de crianças que foram alimentadas com leite materno», defendeu, tal como é preconizado no novo modelo.
«As crianças que são alimentadas com leite natural aumentam mais de peso nos primeiros três a quatro meses de vida e depois têm, quando comparadas com as curvas actuais, uma falsa desaceleração». Esta desaceleração pode ser interpretada como devida à baixa produção de leite da mãe, «levando a um início precoce da diversificação alimentar ou a uma desnecessária suplementação com leite industrial», explicou. «As duas situações associam-se a um maior risco de obesidade», sublinhou.
«O importante é usar curvas»
No seu artigo na Acta Pediátrica Portuguesa, António Guerra é peremptório: «As novas curvas da OMS são da maior relevância para uma avaliação mais correcta do crescimento e constituem assim um precioso instrumento para a monitorização do estado de saúde e de nutrição do lactente e da criança com implicações a longo prazo no estado de saúde das populações».
Contactada pela agência Lusa, a pediatra Leonor Sassetti, consultora da Direcção-Geral da Saúde, disse que este organismo está atento à questão e a reunir elementos para «tomar uma decisão adequada em relação às novas curvas da OMS».
Escusando-se a revelar se Portugal está inclinado para a adopção do novo modelo, sublinhou que «o importante é usar as curvas de crescimento. É melhor usar curvas não tão boas do que não usar nenhumas», afirmou, reforçando a ideia: «Ter umas curvas adequadas é importante, mas usá-las ainda é melhor».
Pode consultar as novas curvas OMS aqui.
fonte: http://www.mae.iol.pt/artigo.php?id=1130560&div_id=3722
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