sábado, 9 de maio de 2009

Enfermeiros obstetras portugueses promovem parto normal

A Associação Portuguesa dos Enfermeiros Obstetras (APEO) apresentou, ontem, um guia de orientação da prática profissional, com directrizes de actuação nas diferentes fases do trabalho de parto, parto e pós-parto. O manual, de distribuição gratuita, é dirigido, não só a profissionais da área, mas também ao cidadão em geral.

A APEO associou-se à Federação das Associações de Parteiras Espanholas (FAME) na sua campanha “iniciativa parto normal”, traduzindo para português o livro "Iniciativa Parto Normal - Documento de Consenso”.

De acordo com a presidente da APEO, trata-se de uma obra “de valor inestimável” que tem como finalidade “incentivar a actuação dos profissionais; facilitar a participação das mulheres no processo de tomada de decisão e na obtenção de consenso com a equipa profissional; promover cuidados, respeitando o processo fisiológico com a mínima intervenção obstétrica e orientar as instituições de saúde obstétricas para uma assistência natural ao parto normal”, enumera Dolores Sardo.

Escrito numa linguagem “científica mas acessível”, o manual, que estará disponível, gratuitamente, em instituições hospitalares e centros de saúde, serve para que “a mulher possa optar de forma consciente sobre o que quer para o seu parto”, revelou a responsável.

O guia contém informações sobre o plano de nascimento, práticas de dilatação, posições do período expulsivo, assistência ao recém-nascido, entre outras, com recurso a figuras exemplificativas.

Para Paula Nelas, especialista que apresentou o livro, numa cerimónia que decorreu, ontem, no Hospital de S. Bernardo, “as mulheres sentem receios que não são atendidos da melhor forma, daí que estejam a procurar outras formas de parir”.

A enfermeira obstetra referiu as vantagens do parto normal, numa gravidez de baixo risco. “Do ponto de vista físico, a recuperação materna é muito mais rápida e o risco de hemorragia e infecção é menor”, garante, explicando ainda que “o aumento do nível de complexidade do procedimento está associado a um aumento do risco decorrente dele, quer para a mãe, quer para o filho”.

“Custa a acreditar que perante as evidências, e, apesar de alguns esforços desenvolvidos por alguns cidadãos e profissionais, o caminho para o retorno ao parto normal seja tão sinuoso e difícil de alcançar”, concluiu a especialista.

Também Dolores Sardo lançou uma crítica, referindo que “o Estado português devia reunir os diferentes profissionais e estabelecer um plano de acção em termos dos cuidados obstétricos para que os diferentes intervenientes pudessem ter a sua função na sociedade portuguesa”.

A dirigente demonstra que, apesar dos enfermeiros portugueses, especialistas na área da saúde materna e obstétrica terem “competências” e estarem “habilitados para a prática da enfermagem obstétrica nas diferentes áreas”, as suas competências “não estão a ser rentabilizadas”. Isto, porque, segundo a responsável, essas competência específicas "ainda não foram reconhecidas e identificadas”.

O lançamento deste livro acontece numa altura em que a Organização Mundial de Saúde alerta para o facto de, em Portugal, as taxas de cesariana continuarem a ser demasiado elevadas, prevalecendo uma tendência para tratar todas as parturientes de igual modo, com um elevado grau de intervenção, mesmo em situações de baixo risco.

Link: http://www.osetubalense.pt/noticia.asp?idEdicao=320&id=11320&idSeccao=2564&Action=noticia

1 comentário:

Mamã do Raúl disse...

Gostei, interessante.
E a propósito, conhece a enfermeira Lúcia Leite, que está a criar uma associação defendendo o parto natural-dentro desta mesma temática, portanto?

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