Dos 45 hospitais públicos contactados pelo DN, quase todos proíbem que os pais acompanhem a mãe numa cesariana. Por causa do risco de infecção que existe numa cirurgia. Já nos privados, só a CUF proíbe. Pediatras insurgem-se contra proibição.
A lei remete a escolha para as maternidades e hospitais.
Só quatro hospitais públicos permitem a presença dos pais nos partos por cesariana. O DN contactou 45 unidades hospitalares do sector público e concluiu que só os hospitais de São João do Porto, o da Guarda, o de Castelo Branco, e o Hospital Padre Américo, em Penafiel, é que permitem que as mães estejam acompanhadas pelo futuro pai durante o trabalho de parto por cesariana.
Já nos hospitais privados, dos dez casos contactados pelo DN, apenas a CUF das Descobertas, em Lisboa, não permite.
Ou seja, se a esmagadora maioria dos hospitais públicos veda ao pai o direito de acompanhar a mãe numa cesariana, já a quase totalidade dos privados dá-lhes essa possibilidade. A razão apresentada pelos públicos? A mesma para todos os casos. Por se tratar de uma cirurgia, feita no bloco operatório , as infecções hospitalares têm de ser evitadas e a presença do pai seria um factor de risco.
No Hospital Sousa Martins, na Guarda, há vários anos que a cesariana com a presença do pai é permitida . "Com toda a esterilização, não vemos inconveniente nisso", segundo disse ao DN o director da unidade hospitalar, Fernando Girão. "No entanto, a esmagadora maioria dos pais prefere não assistir aos partos até porque já tivemos alguns desmaios", garante o director onde nasceram cerca de 850 bebés em 2007. No caso do Hospital Padre Américo, em Penafiel, a condição é só uma: desde que o director do bloco operatório o permita, segundo apurou o DN.
A esta lista pode vir ainda juntar-se o Centro Hospitalar de Alto-Minho, em Viana do Castelo. Fonte desta unidade garantiu ao DN que uma das grandes prioridades do serviço de obstetrícia passa por criar as condições físicas para que "em breve seja possível o pai assistir" a uma cesariana.
No caso da Maternidade Byssaia Barreto, em Coimbra, não é permitido, por regra, os pais assistirem a uma cesariana. Só abrem uma excepção: quando o pai é médico: "Se o pai for médico pode, pois sabe compreender o ambiente cirúrgico", segundo a obstetra da unidade hospitalar Maria do Céu Almeida, disse ao DN.
Já no Hospital de Santo André, em Leiria, não é prática deixar os pais assistir às cesarianas. A explicação dos responsáveis é simples: "não é permitida a permanência a pessoas estranhas, além dos doentes intervencionados". Isto num estabelecimento de saúde em que 27% dos bebés nascem por cesariana: 649 dos 2377.
No Algarve, a maioria das mulheres não pode contar com a presença do progenitor no bloco operatório. Excepção feita ao Hospital Particular do Algarve, no concelho de Portimão. "Desde que qualquer pai tenha coragem para assistir ao nascimento do filho através deste método, pode fazê-lo", disse, ao DN, fonte do estabelecimento. No Hospital Amadora- Sintra a resposta é peremptória: "o parto por cesariana é considerado um acto médico reservado a profissionais de saúde". Assim como o caso de partos por fórceps. Sendo que, neste caso, as razões prendem-se com o facto de quererem " poupar o pai a a algo complicado", segundo fonte do gabinete de comunicação do hospital garantiu ao DN. Já o Hospital Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira, não permite que a cesariana seja assistida mas o parto com fórceps não é proibido. Embora, segundo Irene Jorge, enfermeira especialista do serviço de obstetrícia, garanta que este método "raramente é usado".
A lei, essa, deixa ao critério das diferentes unidades escolherem. Com a ressalva: o acompanhamento previsto no trabalho de parto permitido na lei (caixa ao lado), poderá, "excepcionalmente não se efectivar quando, em situações clínicas graves, for desaconselhável e determinado pelo obstetra", com o respeito das "regras técnicas relativas aos cuidados de saúde aplicáveis".
in http://dn.sapo.pt/
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