Amamentação em intervalos pré-determinados é um mito.
Houve um tempo em que se pensava que os bebés deveriam mamar a cada 3 horas, ou a cada 4 horas e por exatamente 10 minutos de cada lado! Já se perguntou o porquê de 10 minutos e não 9 ou 11?
Claro, os adultos nunca comem por "10 minutos em cada prato a cada 4 horas". Quanto tempo levamos a terminar um prato? Isso depende do quão rápido comemos. O mesmo se passa com os bebés. Se eles mamam rápido, podem gastar menos do que 10 minutos, mas se mamam devagar, podem gastar bem mais.
O adultos comem em horários pré-determinados somente porque as obrigações de trabalho forçam-nos a organizar refeições desta forma. Normalmente, nos dias de folga, a rotina usual é alterada sem qualquer dano para a saúde. Contudo, ainda existem pessoas que acreditam que os bebés precisam de ser habituados a mamadas de horário fixo e fazem referências vagas à disciplina ou boa digestão.
Para um adulto, a comida pode esperar. O nosso metabolismo permite que esperemos por uma refeição e a comida é exatamente a mesma agora ou daqui a uma hora. Mas o seu bebé não pode esperar. A sua fome é urgente e a comida dele muda se a refeição se atrasa. O leite humano não é um alimento morto, mas uma matéria viva em constante processo de mudança. A quantidade de gordura no leite aumenta à medida em que a amamentação progride. O leite do início da mamada tem um baixo conteúdo gorduroso e o leite do final é altamente rico em gordura; chegando a ser 5 vezes mais gordo.
A média de gordura em qualquer mamada depende de quatro fatores:
1. Intervalo da mamada anterior (quanto maior o intevalo, menor a quantidade de gordura);
2. Concentração de gordura no final da mamada anterior;
3. Quantidade de leite ingerido na última mamada;
4. Quantidade de leite ingerido nesta mamada.
Quando a criança mama dos dois seios, ela raramente esvazia o segundo. Para simplificar, basta dizer que ela toma 2/3 de leite desnatado e 1/3 de natas frescas. Contudo, a criança que mama somente um seio por mamada toma ½ de leite desnatado e ½ de natas frescas.
Se ela bebe um leite menos gordo (menos calórico) pode aceitar grandes volumes e consumir mais proteínas.
Então o bebé que mama 50 ml de cada seio não mama o mesmo que um que toma 100 ml de um seio só; e a dieta do bebé que toma 80 ml a cada 2 horas é totalmente diferente da dieta do bebé que toma 160 ml a cada 4 horas.
Os fatores que controlam a composição do leite ainda estão a ser estudados e não se sabe muita coisa. Por exemplo, sabe-se que um dos seios geralmente produz mais leite, com maior concentração de proteínas que o outro. Talvez seja só coincidência ou talvez o seu filho decida isso, dando preferência a um seio em relação ao outro, escolhendo uma refeição com mais ou com menos calorias.
E você pensou que seu bebé mamava sempre o mesmo leite? Você pensava que era entediante passar meses e meses a beber somente leite? Isso não é verdade com o leite materno. O seu bebé tem à disposição um vasto cardápio para poder escolher, desde sopa leve a uma sobremesa bem cremosa.
Uma vez que o seio não fala (nem pode entender o bebé) este faz seu pedido de 3 formas:
1. Pela quantidade de leite que ingere em cada mamada (mamando por um longo ou curto período de tempo e com mais ou menos intensidade) ;
2. Pelo intervalo entre uma mamada e outra;
3. Mamando só de um ou dos dois seios.
O que seu bebé faz quando mama para obter exatamente o que ele precisa de um dia para o outro é uma obra de engenharia.
O bebé tem total e perfeito controle da sua dieta, desde que ele possa mudar as variáveis de acordo com seu desejo. É isso que a livre demanda significa: deixar o bebé decidir quando quer mamar, por quanto tempo e quer mamar num ou nos dois seios.
Quando o bebé não tem o direito de controlar um dos mecanismos, na maioria das vezes ele tenta mudar uma ou outra variável.
Numa experiência, alguns bebés foram colocados a mamar somente num seio por mamada, durante uma semana e nos dois seios na semana seguinte (a ordem foi variável). Em teoria, os bebés teriam ingerido muito mais gordura nos dias em que mamaram somente de um lado do que quando mamaram nos dois seios. Contudo, estes bebés espontaneamente modificaram a frequência e a duração das mamadas e foram capazes de ingerir quantidades similares de gordura (mas volumes diferentes de leite).
Se o bebé não tem a hipótese de modificar a frequência ou duração das mamadas e não tem a oportunidade de decidir se quer mamar de um lado ou dos dois, ele fica perdido. Ele não consegue beber a quantidade de leite de que precisa, mas acaba tomando o que lhe é oferecido. Se a sua dieta está muito longe das necessidades reais do bebé, ele terá problemas em ganhar peso apropriadamente ou passará o dia faminto e irritado. É por isso que a amamentação em horários pré-estabelecidos raramente funciona e quanto mais rígido for o esquema, mais catastrófico é o resultado. Os bebés precisam de mamar irregularmente, somente assim eles garantem uma dieta equilibrada.
Desde o primeiro dia, embora pareça que ela está tomando apenas leite, a criança está a fazer escolhas na sua dieta a partir de uma gama de opções e ela escolhe sempre de forma sabia, tanto na qualidade, quanto na quantidade.
Do livro “My Child Won't Eat”, ou em espanhol “Mi Niño no me Come” do pediatra Carlos González.
Houve um tempo em que se pensava que os bebés deveriam mamar a cada 3 horas, ou a cada 4 horas e por exatamente 10 minutos de cada lado! Já se perguntou o porquê de 10 minutos e não 9 ou 11?
Claro, os adultos nunca comem por "10 minutos em cada prato a cada 4 horas". Quanto tempo levamos a terminar um prato? Isso depende do quão rápido comemos. O mesmo se passa com os bebés. Se eles mamam rápido, podem gastar menos do que 10 minutos, mas se mamam devagar, podem gastar bem mais.
O adultos comem em horários pré-determinados somente porque as obrigações de trabalho forçam-nos a organizar refeições desta forma. Normalmente, nos dias de folga, a rotina usual é alterada sem qualquer dano para a saúde. Contudo, ainda existem pessoas que acreditam que os bebés precisam de ser habituados a mamadas de horário fixo e fazem referências vagas à disciplina ou boa digestão.
Para um adulto, a comida pode esperar. O nosso metabolismo permite que esperemos por uma refeição e a comida é exatamente a mesma agora ou daqui a uma hora. Mas o seu bebé não pode esperar. A sua fome é urgente e a comida dele muda se a refeição se atrasa. O leite humano não é um alimento morto, mas uma matéria viva em constante processo de mudança. A quantidade de gordura no leite aumenta à medida em que a amamentação progride. O leite do início da mamada tem um baixo conteúdo gorduroso e o leite do final é altamente rico em gordura; chegando a ser 5 vezes mais gordo.
A média de gordura em qualquer mamada depende de quatro fatores:
1. Intervalo da mamada anterior (quanto maior o intevalo, menor a quantidade de gordura);
2. Concentração de gordura no final da mamada anterior;
3. Quantidade de leite ingerido na última mamada;
4. Quantidade de leite ingerido nesta mamada.
Quando a criança mama dos dois seios, ela raramente esvazia o segundo. Para simplificar, basta dizer que ela toma 2/3 de leite desnatado e 1/3 de natas frescas. Contudo, a criança que mama somente um seio por mamada toma ½ de leite desnatado e ½ de natas frescas.
Se ela bebe um leite menos gordo (menos calórico) pode aceitar grandes volumes e consumir mais proteínas.
Então o bebé que mama 50 ml de cada seio não mama o mesmo que um que toma 100 ml de um seio só; e a dieta do bebé que toma 80 ml a cada 2 horas é totalmente diferente da dieta do bebé que toma 160 ml a cada 4 horas.
Os fatores que controlam a composição do leite ainda estão a ser estudados e não se sabe muita coisa. Por exemplo, sabe-se que um dos seios geralmente produz mais leite, com maior concentração de proteínas que o outro. Talvez seja só coincidência ou talvez o seu filho decida isso, dando preferência a um seio em relação ao outro, escolhendo uma refeição com mais ou com menos calorias.
E você pensou que seu bebé mamava sempre o mesmo leite? Você pensava que era entediante passar meses e meses a beber somente leite? Isso não é verdade com o leite materno. O seu bebé tem à disposição um vasto cardápio para poder escolher, desde sopa leve a uma sobremesa bem cremosa.
Uma vez que o seio não fala (nem pode entender o bebé) este faz seu pedido de 3 formas:
1. Pela quantidade de leite que ingere em cada mamada (mamando por um longo ou curto período de tempo e com mais ou menos intensidade) ;
2. Pelo intervalo entre uma mamada e outra;
3. Mamando só de um ou dos dois seios.
O que seu bebé faz quando mama para obter exatamente o que ele precisa de um dia para o outro é uma obra de engenharia.
O bebé tem total e perfeito controle da sua dieta, desde que ele possa mudar as variáveis de acordo com seu desejo. É isso que a livre demanda significa: deixar o bebé decidir quando quer mamar, por quanto tempo e quer mamar num ou nos dois seios.
Quando o bebé não tem o direito de controlar um dos mecanismos, na maioria das vezes ele tenta mudar uma ou outra variável.
Numa experiência, alguns bebés foram colocados a mamar somente num seio por mamada, durante uma semana e nos dois seios na semana seguinte (a ordem foi variável). Em teoria, os bebés teriam ingerido muito mais gordura nos dias em que mamaram somente de um lado do que quando mamaram nos dois seios. Contudo, estes bebés espontaneamente modificaram a frequência e a duração das mamadas e foram capazes de ingerir quantidades similares de gordura (mas volumes diferentes de leite).
Se o bebé não tem a hipótese de modificar a frequência ou duração das mamadas e não tem a oportunidade de decidir se quer mamar de um lado ou dos dois, ele fica perdido. Ele não consegue beber a quantidade de leite de que precisa, mas acaba tomando o que lhe é oferecido. Se a sua dieta está muito longe das necessidades reais do bebé, ele terá problemas em ganhar peso apropriadamente ou passará o dia faminto e irritado. É por isso que a amamentação em horários pré-estabelecidos raramente funciona e quanto mais rígido for o esquema, mais catastrófico é o resultado. Os bebés precisam de mamar irregularmente, somente assim eles garantem uma dieta equilibrada.
Desde o primeiro dia, embora pareça que ela está tomando apenas leite, a criança está a fazer escolhas na sua dieta a partir de uma gama de opções e ela escolhe sempre de forma sabia, tanto na qualidade, quanto na quantidade.
Do livro “My Child Won't Eat”, ou em espanhol “Mi Niño no me Come” do pediatra Carlos González.
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