A maior parte dos pais equipa-se de chupetas mesmo antes do filho nascer e, ao primeiro choro, enfia-lhe uma chucha na boca. Para acalmar o bebé, dizem. Para acalmar os próprios pais, dizem os especialistas.
Os bebés não gostam de chucha. É difícil de acreditar que um bebé nasça a gostar de ter na boca um objecto de borracha, frio e pouco maleável. No mundo perfeito dos bebés a mama da mãe estaria sempre disponível e os bebés seriam felizes a dobrar: teriam comida "a la carte" e afecto à discrição.
Mas, no mundo ideal dos adultos, as mães não podem ser apenas uma mama gigante. Resta aos recém-nascidos contentarem-se com uma imitação.
O reflexo de sucção é algo inato e muitos bebés já chucham no dedo dentro da barriga da mãe. Cá fora, basta tocar-lhes na boca ou na bochecha para que, imediatamente, se transformem em "peixinhos dentro de água", abrindo e fechando a boca em movimentos contínuos. À falta de melhor, os recém-nascidos começam a levar os dedos à boca, uma acção que, de início pode revelar-se complicada para quem mal controla os movimentos das mãos. Por isso, a maior parte dos bebés aceita de bom grado quando os pais lhe oferecem a chupeta. Finalmente têm algo para satisfazer o seu reflexo instintivo. Os pais respiram de alívio porque, finalmente, vêm o seu filho quieto e calado.
Outros bebés, mais determinados, recusam a chucha enquanto podem. Mas os pais, também obstinados, experimentam todas as formas e feitios até acabarem por convencer os seus filhos de que precisam mesmo da chupeta. Isso mesmo testemunha Elisabete Santos, enfermeira especialista em saúde materna e formadora em aleitamento materno no Hospital Garcia de Horta. "A primeira vez que se dá uma chucha ao bebé, ele cospe-a imediatamente, porque é algo que não lhe pertence. Mas os pais insistem e acaba por vencer o mais forte".
O reflexo de sucção é algo inato e muitos bebés já chucham no dedo dentro da barriga da mãe. Cá fora, basta tocar-lhes na boca ou na bochecha para que, imediatamente, se transformem em "peixinhos dentro de água", abrindo e fechando a boca em movimentos contínuos. À falta de melhor, os recém-nascidos começam a levar os dedos à boca, uma acção que, de início pode revelar-se complicada para quem mal controla os movimentos das mãos. Por isso, a maior parte dos bebés aceita de bom grado quando os pais lhe oferecem a chupeta. Finalmente têm algo para satisfazer o seu reflexo instintivo. Os pais respiram de alívio porque, finalmente, vêm o seu filho quieto e calado.
Outros bebés, mais determinados, recusam a chucha enquanto podem. Mas os pais, também obstinados, experimentam todas as formas e feitios até acabarem por convencer os seus filhos de que precisam mesmo da chupeta. Isso mesmo testemunha Elisabete Santos, enfermeira especialista em saúde materna e formadora em aleitamento materno no Hospital Garcia de Horta. "A primeira vez que se dá uma chucha ao bebé, ele cospe-a imediatamente, porque é algo que não lhe pertence. Mas os pais insistem e acaba por vencer o mais forte".
Hospitais livres de chuchas
A Favor
Contra
Truques para deixar a chupeta
Na maternidade do Garcia de Horta, tal como em todos os hospitais Amigos dos Bebés, não entram chuchas. Esta é uma das medidas indicadas pela OMS/UNICEF para que se considere que um hospital tem uma prática de protecção ao aleitamento materno. Segundo vários estudos, os bebés que começam a usar chupeta logo à nascença têm tendência a mamar menos. Isto acontece porque a chupeta e a mama exigem modos de sucção diferentes. Assim, se um bebé se habitua a chuchar na chupeta pode atrapalhar-sequando tem a mama na boca e, por isso, não conseguir retirar o leite. Por outro lado, um bebé que está sempre com a chupeta na boca, está tão entretido que pede mama menos vezes.
Apesar de no Garcia de Horta não existirem chupetas, muitos pais chegam à maternidade apetrechados com vários modelos. "Se os pais trouxerem uma chupeta, dizemos-lhes os possíveis efeitos da sua introdução precoce. Mas não proibimos. Ensinamos, aconselhamos e orientamos. Os pais, depois, tomam as suas decisões", conta Elisabete Santos, explicando que a maior parte dos pais entende e aceita o conselho dos enfermeiros. Pelo menos enquanto estão na maternidade. Em casa, não haverá pai ou mãe que resista à tentação de oferecer uma chucha ao bebé, na esperança de o sossegar. "A chupeta tranquiliza o bebé e por isso serve de tranquilizante para os pais. Numa fase de iniciação é a forma mais fácil de acalmar o bebé. Mas deve ser usada como último recurso", afirma.
Apesar de no Garcia de Horta não existirem chupetas, muitos pais chegam à maternidade apetrechados com vários modelos. "Se os pais trouxerem uma chupeta, dizemos-lhes os possíveis efeitos da sua introdução precoce. Mas não proibimos. Ensinamos, aconselhamos e orientamos. Os pais, depois, tomam as suas decisões", conta Elisabete Santos, explicando que a maior parte dos pais entende e aceita o conselho dos enfermeiros. Pelo menos enquanto estão na maternidade. Em casa, não haverá pai ou mãe que resista à tentação de oferecer uma chucha ao bebé, na esperança de o sossegar. "A chupeta tranquiliza o bebé e por isso serve de tranquilizante para os pais. Numa fase de iniciação é a forma mais fácil de acalmar o bebé. Mas deve ser usada como último recurso", afirma.
No Garcia de Horta, os enfermeiros ensinam os pais a interpretar os diferentes tipos de choro do bebé - fome, colo, frio ou calor, etc. - e a agir conforme a situação.
A chucha, obviamente, não está indicada para resolver nenhum tipo de choro.
"A chupeta deve estar reservada para o vértice da perâmide", escreve o pediatra Mário Cordeiro n´"O Grande Livro do Bebé". "Se um bebé chora porque lhe falta alguma coisa é errado tentar adiar ou colmatar a resolução do problema através da chupeta. Só servirá para fazer do bebé uma pessoa frustrada e derrotista", critica, provocando os pais que insistem no consolo de borracha: "Idealmente as chuchas deveriam ter em conta o interesse e bem estar dos bebés e não as conveniências dos pais. Se calhar quem deveria até ter uma chupeta eram os pais!"
A chucha, obviamente, não está indicada para resolver nenhum tipo de choro.
"A chupeta deve estar reservada para o vértice da perâmide", escreve o pediatra Mário Cordeiro n´"O Grande Livro do Bebé". "Se um bebé chora porque lhe falta alguma coisa é errado tentar adiar ou colmatar a resolução do problema através da chupeta. Só servirá para fazer do bebé uma pessoa frustrada e derrotista", critica, provocando os pais que insistem no consolo de borracha: "Idealmente as chuchas deveriam ter em conta o interesse e bem estar dos bebés e não as conveniências dos pais. Se calhar quem deveria até ter uma chupeta eram os pais!"
A chucha ou o dedo, a eterna questão
Apesar de não ser contra a chupeta, Berry Brazelton, guru da pediatria, prefere a solução "chuchar no dedo", por ser mais prática, tanto para os pais, como para o bebé. "Alguns bebés precisam mesmo da chucha para sossegar. São crianças que não conseguem ou não gostam de chuchar no dedo. Mas isso seria preferível, já que o dedo está sempre a jeito! Muitos bebés necessitam de algo que os ajude a relaxar. Quando conseguem esse auto-conforto, tornam-se mais fáceis de criar", escreve n´"O Grande Livro da Criança". Esta alternativa, segundo o pediatra, acaba também por facilitar a vida aos pais, já que não têm que estar sempre com a preocupação de colocar a chupeta na boca do bebé (principalmente durante a noite), uma vez que ele aprende a auto-consolar-se. "O polegar está sempre disponível", sublinha.
Opinião diferente tem Rosa Gouveia, presidente da secção de Pediatria do Desenvolvimento da Sociedade Portuguesa de Pediatria: "Quando os bebés não têm chupeta, chucham no dedo, o que é prejudicial para o desenvolvimento dos seus maxilares, levando a uma má oclusão dentária. Para além disso, é mais fácil usar a chucha só para dormir, e mais tarde, deixar a chucha, do que deixar o dedo".
Num ponto todos os especialistas parecem estar de acordo: bebés constantemente de chupeta na boca, à semelhança da Maggie Simpson, só devem existir mesmo nos desenhos animados. "As chuchas destinam-se aos períodos em que o bebé tem necessidade de chuchar e não para servir de "rolha" para abafar o barulho do choro. Portanto, quando o bebé está bem, calmo e tranquilo, não se deve dar a chupeta ou, se ele a tiver na boca dever-se-à retirá-la. A chupeta deve ser, realmente, o último recurso", afirma Mário Cordeiro.
Para Rosa Gouveia, a chupeta pode ser útil para o bebé "dormir e adquirir autonomia relativamente ao sono e em situações de irritabilidade". No entanto a pediatra lembra que, "embora tenha vantagem para o bebé, pelo papel calmante de sucção, a chupeta não substitui o papel dos pais".
Mais critica ainda, Elisabete Santos põe em causa a utilidade de algo que é "contra-natura" para o bebé. "Será mesmo que precisam de chucha?" questiona. E quando os pais lhe fazem a mesma pergunta, a resposta, em jeito de brincadeira, já está estudada: "Se os bebés precisassem mesmo de chucha já nasciam com ela".
Opinião diferente tem Rosa Gouveia, presidente da secção de Pediatria do Desenvolvimento da Sociedade Portuguesa de Pediatria: "Quando os bebés não têm chupeta, chucham no dedo, o que é prejudicial para o desenvolvimento dos seus maxilares, levando a uma má oclusão dentária. Para além disso, é mais fácil usar a chucha só para dormir, e mais tarde, deixar a chucha, do que deixar o dedo".
Num ponto todos os especialistas parecem estar de acordo: bebés constantemente de chupeta na boca, à semelhança da Maggie Simpson, só devem existir mesmo nos desenhos animados. "As chuchas destinam-se aos períodos em que o bebé tem necessidade de chuchar e não para servir de "rolha" para abafar o barulho do choro. Portanto, quando o bebé está bem, calmo e tranquilo, não se deve dar a chupeta ou, se ele a tiver na boca dever-se-à retirá-la. A chupeta deve ser, realmente, o último recurso", afirma Mário Cordeiro.
Para Rosa Gouveia, a chupeta pode ser útil para o bebé "dormir e adquirir autonomia relativamente ao sono e em situações de irritabilidade". No entanto a pediatra lembra que, "embora tenha vantagem para o bebé, pelo papel calmante de sucção, a chupeta não substitui o papel dos pais".
Mais critica ainda, Elisabete Santos põe em causa a utilidade de algo que é "contra-natura" para o bebé. "Será mesmo que precisam de chucha?" questiona. E quando os pais lhe fazem a mesma pergunta, a resposta, em jeito de brincadeira, já está estudada: "Se os bebés precisassem mesmo de chucha já nasciam com ela".
A Favor
- Reduz o risco de morte súbita. Vários estudos relacionaram o uso de chupeta para dormir com uma diminuição do risco de morte súbita nos bebés.
- Acalma. A chucha acalma o bebé nas situações em que os pais não podem responder imediatamente.
- Induz o sono. O movimento de sucção ajuda o bebé a adormecer mais rapidamente.
Contra
- Favorece o aparecimento de otites. Estudos recentes demonstraram que as otites no ouvido médio são mais frequentes nos bebés que usam chupeta continuamente.
- Pode atrasar o desenvolvimento da linguagem. Um bebé que está sempre com a chucha na boca vocaliza e palra menos. A partir dos 12 meses, se a criança continua a ter sempre a chupeta na boca, poderá ter mais dificuldades na aquisição da linguagem.
- Provoca dependência. São bem conhecidos os dramas vividos por pais e crianças na altura de dizer adeus à chupeta.
- Pode provocar deformação dentária. O risco aumenta se o hábito se prolongar para além dos 2 anos.
- Interfere com a amamentação.
Truques para deixar a chupeta
- Tente que a criança comece a usar a chucha apenas para adormecer, reduzindo, aos poucos, a dependência.
- Comece a preparar psicologicamente a criança para o adeus à chucha. Diga-lhe que já está a ficar crescida e que, por isso, já não precisa. Evite frases do género: "Ainda usas chupeta, és mesmo bebé!".
- Use a chupeta como moeda de troca para aquele brinquedo que o seu filho lhe anda a pedir
- Aproveite as épocas festivas. O Natal ou a Páscoa são boas alturas para a criança se separar da chucha até porque andam mais entretidas com os preparativos da festa. Sugira-lhe que ofereça a chucha ao Pai Natal ou ao Coelho da Páscoa.
- Quando nasce outro bebé na família sugira-lhe que dê a chucha a esse bebé.
- Não deixe que mais ninguém, além dos pais, interfira no processo. Muita gente a dar palpites, só vai servir para a criança se sentir humilhada.
- Como último recurso há muitos pais que fazem um furo na chucha, deixando-a mole e difícil de chuchar. Quando a criança se queixar diga-lhe que a chupeta se "estragou".
- Não force. O adeus à chupeta é um processo natural e vai acontecer, mais tarde ou mais cedo
in Revista Pais & Filhos, Janeiro 2008
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