quarta-feira, 24 de junho de 2009

Mais sobre o choro dos bebés

Depois de um artigo com maior enfoque sobre as causas e o porquê do choro, gostava de vos deixar, desta vez, mais sugestões sobre como lidar, na prática, com os episódios de choro.

Depois de excluír as hipóteses mais frequentes (fome, desconforto, necessidade de contacto físico) podemos tentar outras formas de consolar e distraír o bebé.

Actualmente sabemos que as melhores formas de prevenir os episódios de choro passam por métodos muito simples de simulação do ambiente uterino.
Há milhares de anos que o Homem usa essas técnicas de forma instintiva mas as exigências da sociedade ocidental, fizeram com que, de alguma forma elas se fossem perdendo.
Hoje em dia voltaram a ser valorizadas pelos especialistas e podemos comprovar facilmente que nos países onde estas técnicas ainda são usadas habitualmente, os bebé choram um número consideravelmente inferior de horas e não sofrem de cólicas.

A forma mais eficaz de simular o ambiente uterino, prevenir episódios de choro e evitar as cólicas é carregar o bebé.
Seja num pano, num sling ou noutro porta-bebés, os estudos indicam, sem margem para dúvidas, que os bebés carregados ao colo choram consideravelmente menos. Daí a famosa frase associada ao babywearing que aconselha nine in, nine out.

Ao ser carregado o bebé é suavemente embalado pelos movimentos da mãe (tal como o era durante o período da gestação) é aquecido pelo calor da mãe[1], tal como o era no útero, ouve a sua voz, o som do seu coração e outros sons que lhe são famíliares do ambiente uterino no qual viveu durante nove meses.

Ao colo, o bebé tem a possibilidade de olhar para o mundo de um ângulo que um carrinho, por exemplo, não permite.
Com os olhos practicamente ao nível dos da sua mãe, o bebé distrai-se facilmente a observar tudo o que o rodeia. A mãe (ou a pessoa que carrega o bebé) tem ainda a vantagem de ficar com as mãos livres para realizar outras tarefas.

Ao enfaixar o bebé (envolvê-lo num pano/manta de forma a que fique bem aconchegado) podemos também simular os limites, o aconchego e o calor do ventre materno.
O famoso método do Dr Harvey Karp consiste precisamente no enfaixamento do bebé, ao mesmo tempo que o embalamos e simulamos alguns dos sons que o bebé estaria habituado a ouvir na barriga da sua mãe (uma espécie de "Chhh, chhh, chhh" que já as nossas avós usavam).
Se virmos bem, ao carregar um bebé no pano, o efeito é practicamente idêntico, já que ao encostarmos o bebé ao nosso peito ele vai continuar a ouvir os sons da mãe (do bater do coração, dos intestinos...)

Ao amamentar também estamos, de certa forma, a manter intacto o cordão umbilical com o bebé.
Tal como no ventre, o bebé amamentado não precisa de esperar para ser alimentado, basta abrir a boca e procurar (a mãe que está próxima do bebé facilmente aprende a "ler" os seus sinais). O leite materno está à temperatura ideal (a temperatura da mãe) e tem um sabor parecido com o já familiar líquido amniótico, que engloba uma mistura de sabores única dada pela dieta habitual da mãe.
Já aqui tinha referido noutras ocasiões que o choro é um sinal de fome tardio, como tal, não devemos deixar que um bebé chegue a esse ponto para o alimentar. Um bebé que chora com fome é porque já mostrou outros sinais de fome há algum tempo.
Uma das maneiras de evitar que isto aconceça é manter a proximidade com o bebé, de dia e de noite.



Formas de acalmar um bebé "chorão" (incluíndo alguns truques bastante simples)

* Carregar o bebé num sling ou pano
* Dançar com o bebé
* Baloiçar com o bebé
* Dar uma volta de carro
* Levar o bebé a dar um passeio
* Amamentar o bebé em pé (andando ou baloiçando)
* Deixar o bebé sugar para o confortar: dar de mamar, dar um dedo para o bebé chuchar
* Musica, cd´s de sons para bebés, que imitam os sons do útero e das batidas de coração
* Gravar o bebé a chorar e deixá-lo ouvir o seu próprio som
* O barulho dos relógios
* Cantar para o bebé
* Fazer barulhos "diferentes" para chamar a atenção do bebé, por exemplo mexer num saco de plástico ou amachucar papel
* O som da água a correr
* Os sons repetitivos de alguns aparelhos que fazem lembrar ao bebé os sons uterinos: aspirador, máquina de lavar loiça/roupa, ventoinha, etc.
* Mostrar um espelho ao bebé
* As chamas de uma lareira ou outras luzes chamativas (ex. árvore de Natal)
* Olhar para os carros a passar
* Deitar o bebé sobre o nosso peito/barriga de forma a que ele consiga ouvir o som do nosso coração (pode-se usar um pano para esse efeito)
* Um banho morno (pode ser assim)
* Se o choro persistir, apesar de se usarem os métodos acima descritos, observar a alimentação da mãe: estará a "abusar" de algum tipo de alimento? bebe muito leite de vaca? introduziu ultimamente um alimento diferente do habitual? fuma? Se o bebé for alimentado a biberão pode ser necessário trocar de leite
* Muitas vezes é útil ajudar a resolver o stress dos pais de um bebé que chora muito. Além de ser uma situação muito desgastante, essa ansiedade passará para o bebé e poderá formar-se ali um ciclo de tensão dos pais para o bebé e vice-versa
* Tente criar um ambiente o mais tranquilo possível não só para o bebé mas também para os pais

Faça o que fizer, nunca abane o seu bebé!
Sei que cuidar de um bebé que chora muito, principalmente quando temos muito cansaço acumulado com poucas horas de sono, pode ser desesperante. Mas lembre-se que quando alguém está desesperado pode agir de forma impulsiva e com mais força do que teria intenção de fazer.
Abanar ou sacudir o bebé com força pode causar danos irreversíveis (Síndrome do Bebé Sacudido) por isso mantenha sempre em mente esta informação.

Nota: Apesar de todas as indicações aqui descritas, quando um bebé chora durante 2 horas ou mais, ininterruptamente (apesar de se terem feito esforços para o consolar) ou quando o choro é acompanhado de outro sintoma (vómitos, febre, diarreia, etc) torna-se necessário recorrer a um médico para que possa ser observado.


[1] Existe um fenómeno natural interessantíssimo chamado Síncronia Térmica, descoberto por especialistas em Método Canguru.
As mães que carregam os bebés adaptam a sua própria temperatura corporal segundo as necessidades do bebé. Por exemplo, se o bebé tiver febre, a temperatura da mãe baixa de forma a compensar o excesso de calor. Se pelo contrário, o bebé tiver frio, a temperatura da mãe sobe ligeiramente para transmitir esse calor para o seu filho.

4 comentários:

Lu disse...

Olá o meu Pedrocas costumava chorar muito quando tinha cólicas. Curiosamente era um choro completamente diferente de quando tinha a fraldinha molhada ou quando estava sonolento. Instintivamente aprendi a distinguir os choros e também a combater as cólicas (claro que também contei com a ajuda do pediatra), costumava dar lhe um banho de água morninha e gotas aero-om e felizmente as cólicas desapareceram.

Anónimo disse...

O que???? passear de carro com o bebê, todas a vez que ele chorar, que absurso é isso? Quem faz estas dicas ridículas? Sabemos a importância da ligação entre o bebê e a mãe, mas nós é que temos de impor o ritmo e não eles, bebê chorão, sem ter fome ou dores, é fácil resolver apenas o condicionamanto, eles assimilam rápido, e sem sofrimento, tanto dos pais como dos bebês, precisamos de dicas reais, e não de mães "coruja", com dicas "mimantes".

Sofia disse...

Cara/o Anónima/o

Em primeiro lugar, deve ter lido mal, pois em nenhum lugar do texto se pode ler que se deve passear de carro com o bebé de cada vez que ele chora. Pelo contrário o texto oferece muitas e variadas formas que se podem usar para acalmar/distraír o bebé.

Em segundo lugar, apesar de ser um facto que alguns especialistas defendem que se deve deixar o bebé chorar para aprender a agir segundo o ritmo dos seus pais, tal como refere, também há muitos e prestigiados autores que defendem que deixar chorar um bebé é negar a assistência às suas necessidades básicas (porque para um recém-nascido, o toque, o calor e o aconchego também são necessidades básicas!). E ensinar-lhes também que não vale a pena chamar pois ninguém virá em seu auxílio, nem mesmo aquelas pessoas com quem ele deveria poder contar incondicionalmente: os pais.

Se quiser que lhe indique alguns autores, livros, sites, etc. sobre este tema terei todo o gosto.

Sofia Carvalho

Anónimo disse...

Cara Sofia, tudo que vc disse em relação a toque calor e aconchego, é importante, mas em situações que não deixem a mãe e mercê da criança, tudo isso em excesso, trará noites sem dormir e olheiras, os meus 2 filhos foram condicionados a mamarem no berço, desde o primeiro dia, nunca deram trabalho, e hoje são adolescentes saudáveis e felizes que só me dão orgulho, esta história de afetar o psicológico da criança não procede, se existe livros que dizem isso, são de autores que se tiveram filhos, com certeza perderam muitas noites de sono, muitas vezes na criação dos filhos, temos que usar a razão e não o coração. Me desculpe, volto a insistir, este papo de que filho deve crescer no colo berrando, é o mesmo papo falido da Xuxa que dizia que criança não se pode repreender, que tem de deixar solta, resumindo, sem limites. A criança desde o primeiro dia de vida, já tem de ser condicionada a ter limites, pois no seu futuro, ele não terá o colo da mãe, e esta criança sofrerá muito pois será um adulto dependente,não é exagero, é realidade, criança acostumada no colo, será a criança sem limites e o Bad Boy da novela das 9, e é claro, com uma mãe coruja básica, achando tudo bonito.

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