sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Posições Verticais para o Parto

ilustração de parto kiowa (índios nativos americanos)

Hoje em dia são muitas mulheres que se questionam sobre a melhor posição para dar à luz.
Apesar de, nas aulas de preparação para o parto, se falar nas várias posições para o trabalho de parto e parto, nos hospitais, em imagens e filmes é ainda muito comum ver as mulheres a parir deitadas numa cama e com as pernas presas em estribos.

Como a arte nos tem demonstrado ao longo da história, as mulheres através das culturas usavam posições verticais e/ou posições neutras para serem favorecidas pela força da gravidade (por exemplo deitada de lado, de gatas) para dar à luz os seus bebés.
Até à descoberta dos forcéps no séc. XVII, raramente se mostrava mulheres a darem à luz numa posição supina (deitada de costas).
Normalmente as mulheres eram cuidadas e atendidas durante o parto por "mulheres sábias" da sua comunidade, que as encorajavam a deixarem-se guiar pela sua sabedoria interior e pelo apoio daqueles que as rodeavam.
As mulheres usavam diferentes objectos, tais como colunas, árvores e cordas para melhor realizarem força durante o período expulsivo.
Utilizavam também outro tipo de apoios, feitos de madeira, tijolo e pedra que facilitavam determinadas posições, como de cócoras ou de gatas.

ilustração japonesa de 1930

O uso de várias posições durante a segunda fase do trabalho de parto (período expulsivo) permitirá que responda às mudanças de posição do seu bebé durante a descida, rotação e extensão no esforço de nascer.
As posições que escolher, com frequência aumentarão a sua comodidade e facilitarão o progredir do nascimento. Cada posição tem vantagens e desvantagens.

As posições verticais tais como estar de pé, cócoras ou de joelhos, aproveitam a força da gravidade para ajudar o bebé a descer.
Os raios-x têm demostrado que colocar-se de cócoras ou mesmo levemente agachada aumenta o diâmetro da pélvis, criando mais espaço para que o bebé desça. Todavia pode ser uma posição bastante cansativa.

ilustração de 1930 sobre o parto na Pérsia

Na maioria das culturas ocidentais as mulheres não estão habituadas a estar de cócoras por longos períodos de tempo, pelo que devem descansar numa posição semi sentada entre contracções.
Penny Simkin, autora reconhecida, doula e educadora perinatal amplamente respeitada, recomenda que as mulheres se ponham de cócoras com apoio, ou adoptem uma posição "suspensa", apoiando a parte superior do corpo por forma a poderem baloiçar a parte inferior, especialmente para mulheres com uma segunda fase prolongada.
O seu corpo "alarga-se" proporcionando mais espaço ao bebé. Por outro lado, não há pressão na pélvis, permitindo que se movimente livremente à medida que o bebé passa nessa zona.

As posições neutras para a força de gravidade como a de gatas, deitada de lado ou semisentada,
são menos cansativas e podem ser úteis para a mulher que está exausta. Uma posição encostada de lado pode ajudar a diminuir o ritmo de um parto que progride demasiado rápido.
Depois de o bebé entrar na zona da pélvis, ele rodará a sua cabeça para uma posição anterior (para a frente) ou para uma posição posterior (para trás).

É muito mais fácil para o bebé descer, e para a mulher mais confortável, se a cabeça do bebé estiver numa posição anterior. Bebés numa posição posterior podem causar as conhecidas "dores lombares de parto". A posição de "quatropatas" retira o peso do bebé da zona lombar e do cóccix da mulher e proporciona espaço para que o bebé rode para uma posição anterior.

De acordo com o "The Cochrane Pregnancy and Childbirth Group", uma fonte de informação reconhecida mundialmente, relativamente aos cuidados com base em evidências científicas, o uso de qualquer posição vertical ou deitada de lado, comparado com posições de supina ou litotomia está associada com os seguintes resultados:

- Redução da duração da segunda fase do trabalho
de parto

- Pequena redução na necessidade de intervenção
no parto

- Reduz os relatos de dores fortes

- Menor padrão de anomalia dos batimentos
cardíacos fetal

- Um ligeiro aumento nas
lacerações de 2º grau (somente no grupo de
posição vertical)

- Um aumento na perda de sangue estimada

Acrescenta-se ainda que, a posição de deitada de costas, pode causar redução de pressão sanguínea da mulher em trabalho de parto e reduzir o fluxo sanguíneo para o bebé, devido ao peso que o útero exerce sobre as principais veias que aportam o fluxo de sangue.
Na posição de litotomia, a mulher faz força contra a gravidade.

A associação "Women’s Health, Obstetric and Neonatal Nurses" (AWHONN) recomenda que todas as mulheres grávidas recebam informação sobre os benefícios das posições verticais na segunda fase do trabalho de parto. Recomenda também que as enfermeiras desencorajem as posições de supina e estimulem as posições de cócoras, semi-deitadas e de joelhos. A AWHONN recomenda também que a mulher não deve fazer força sem que ela sinta vontade de o fazer, e que, ao senti-lo o devem fazer de acordo com o que o seu corpo lhes vai dizendo.
Gritar, gemer, soprar, ou suster a respiração desde que por menos de 6 segundos enquanto a mulher faz força em respostas às contracções deverá ser incentivado pela enfermeira.

A Lamaze Internacional recomenda que escolha posições verticais ou semi-deitadas. Você e o seu
companheiro deverão ver e praticar várias posições para a segunda fase do trabalho de parto. Deverá perguntar que posição o profissional de saúde recomenda para o seu parto e que, caso exista, que restrições é que podem haver.
Durante o trabalho de parto deverá escutar o seu corpo e escolher a posição que lhe pareça mais confortável no momento, para si e para oseu bebé.

fonte:
http://www.lamaze.org

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